4 meses atrás
Superexploração das águas subterrâneas compromete vazão dos rios no Brasil

A superexploração das águas subterrâneas no Brasil está comprometendo a vazão dos rios, com mais de metade dos rios em risco de redução de fluxo devido à transferência de água para os aquíferos. Este cenário é agravado pelo bombeamento para irrigação, com mais de 88% dos poços operando ilegalmente.
Estudos mostram que a bacia do rio São Francisco e a região do Matopiba são particularmente afetadas. Na bacia do rio São Francisco, 61% dos rios analisados mostraram potencial de perda de fluxo de água para os aquíferos. A situação é ainda mais grave na bacia do rio Verde Grande, onde até 74% dos rios podem perder fluxo. Essas bacias são cruciais para a agricultura e geração de energia hidrelétrica no Brasil, comprometendo a sustentabilidade local e a segurança hídrica, alimentar e energética.
A perfuração indiscriminada de poços para irrigação agrícola ou consumo privado é um dos principais fatores de impacto. Em 2021, havia cerca de 2,5 milhões de poços tubulares no Brasil, com mais de 88% deles operando ilegalmente, bombeando 17,6 bilhões de metros cúbicos de água por ano. O uso excessivo de águas subterrâneas não apenas compromete a vazão dos rios, mas também pode causar a subsidência do solo, afetando ecossistemas aquáticos e a disponibilidade de água para consumo humano. Projeções indicam um aumento superior a 50% nas áreas irrigadas nos próximos 20 anos, exacerbando a pressão sobre os recursos hídricos.
Pesquisadores enfatizam a necessidade de integrar a gestão de águas superficiais e subterrâneas, utilizando ferramentas de sensoriamento remoto e dados de campo para mapear regiões críticas e orientar políticas públicas. Investimentos em monitoramento hidrogeológico são cruciais para evitar impactos negativos e garantir o uso sustentável das águas no Brasil. A situação do Brasil serve como um alerta global para a revisão de estratégias de manejo hídrico em países tropicais.
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