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04/03/2025 09h00min - Geral
2 meses atrás

Salvador comemora os 40 anos da axé music neste carnaval


Agência Brasil ► 
Fonte: Fonte Grande FM



Durante o auge do Axé como fenômeno do mercado fonográfico, houve uma tensão significativa entre o gênero e a música independente da Bahia. Muitos artistas independentes, que não se identificavam totalmente com o som dominante do Axé nos trios elétricos e blocos, reclamavam da falta de espaço para se apresentar, mesmo fora dos períodos de folia. No entanto, ao longo dos anos, a relação entre o Axé e a música independente mudou com o surgimento de novas gerações de artistas que reverenciam o Axé como uma memória musical importante, capaz de dialogar com variados interesses musicais.

A cantora Márcia Castro é um exemplo dessa evolução. Em 2021, ela gravou o álbum "Axé", inspirado no cancioneiro do Carnaval de Salvador, com participações de Margareth Menezes, Daniela Mercury e Ivete Sangalo. Em 2024, ela revisitou a cena musical com o LP "Roda de Samba Reggae", incluindo releituras de hits gravados pelo Chiclete com Banana e Cortejo Afro. Márcia passou por um processo de repulsa, reavaliação e respeito em relação ao Axé, reconhecendo a riqueza do movimento e sua importância para a cultura baiana.

Outra artista que valoriza o Axé tanto na dimensão artística quanto no aspecto político é Ayassi. Em 2023, ela gravou a música "Se Você Se For", da Timbalada, misturando referências musicais diversas, como o samba de roda do Recôncavo e influências de Michael Jackson. Ayassi destaca a importância de artistas como Timbalada, Daniela Mercury e Ivete Sangalo em sua formação musical e como inspiração para seu próprio trabalho, ressaltando a memória e a beleza das canções do Axé.

Josiara, cantora, compositora e violonista, também presta reverência à Timbalada em seu álbum "Mandinga Multiplicação – Josiara Canta Timbalada", lançado em 2024. O álbum inclui sucessos como "Margarida Perfumada" e "Namoro a Dois". O interesse de Josiara pelo Axé vem de sua memória de infância, quando ouvia essas músicas em casa. Ela vê a importância de resgatar e cantar essas canções grandiosas que marcaram a cena musical baiana.

Além dessas artistas, outros projetos de releituras do Axé têm surgido, como a banda baiana Suinga, que se inspira em precursores como Jerônimo, e o Bloco do Silva, álbum do cantor e compositor capixaba que revisita temas de nomes como Ara Ketu e Carlinhos Brown. Esses projetos mostram como o Axé continua a influenciar e inspirar a música baiana, mesmo após décadas de seu surgimento.

Em suma, o Axé, que já foi alvo de críticas pela sua mercantilização e hegemonia na cena musical baiana, hoje é reconhecido por sua riqueza cultural e importância artística. Artistas contemporâneos, como Márcia Castro, Ayassi e Josiara, revisitam o gênero, trazendo novas interpretações e mostrando que o Axé continua a ser uma fonte de inspiração e diálogo para a música baiana, valorizando tanto a dimensão artística quanto a memória cultural do movimento.



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