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29/09/2025 19h20min - Tecnologia
2 meses atrás

Roboticista critica corrida por humanoides e aponta riscos tecnológicos e financeiros


Canva/Grande FM 92,1 ► 
Fonte: Fonte Grande FM



O renomado roboticista Rodney Brooks, cofundador da iRobot e ex-pesquisador do MIT, publicou um ensaio em que questiona a viabilidade dos atuais projetos de robôs humanoides. Segundo ele, empresas que recebem bilhões de dólares em investimentos, como Tesla e Figure, estão apostando em métodos que soam mais como fantasia tecnológica do que como soluções práticas. A principal crítica recai sobre a tentativa de ensinar máquinas a imitar tarefas humanas apenas a partir de vídeos.

Brooks explica que a complexidade do corpo humano, especialmente das mãos, ainda está muito além do alcance da robótica atual. Enquanto o reconhecimento de voz e imagem avançou graças a décadas de acúmulo de dados de alta qualidade, não existe tradição equivalente para o tato. As mãos humanas possuem cerca de 17 mil receptores sensoriais especializados, algo impossível de replicar com a tecnologia disponível. Por isso, ele afirma que ainda estamos a mais de dez anos de ver robôs humanoides com destreza mínima em uso lucrativo.

Outro ponto levantado é a segurança. Robôs de tamanho humano consomem grandes quantidades de energia apenas para se manterem em pé, e quedas podem representar riscos sérios para pessoas próximas. Brooks alerta que, quanto maior o robô, maior a energia acumulada e, consequentemente, mais perigosa uma queda. Para ele, os modelos do futuro provavelmente abandonarão a forma humana, adotando rodas, múltiplos braços e sensores especializados para funções específicas.

Apesar do entusiasmo do mercado, Brooks acredita que os bilhões investidos hoje estão sendo direcionados a experimentos caros e sem perspectiva de escala industrial. Ele prevê que muitos desses projetos serão esquecidos, restando apenas o aprendizado obtido e o capital perdido. Ainda assim, o especialista reconhece que haverá espaço para robôs em diferentes formatos, desenvolvidos para tarefas específicas, mas que dificilmente terão aparência humanoide.

Brooks também relembra seu histórico de críticas a expectativas exageradas em relação à inteligência artificial. Ele já havia apontado que ferramentas de IA generativa, em alguns casos, aumentam a carga de trabalho em vez de reduzi-la. Além disso, sempre defendeu que a IA não representa ameaça existencial, ao contrário do que afirmam figuras como Elon Musk. Para ele, o futuro da robótica será marcado por soluções práticas e especializadas, e não pela busca de máquinas que imitem o corpo humano.



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