2 dias atrás
Resíduo da produção de suco de laranja pode contribuir com plásticos biodegradáveis mais resistentes

Um subproduto da produção industrial de suco de laranja está sendo utilizado para reforçar biofilmes com resistência térmica e potencial aplicação em embalagens sustentáveis. A pesquisa, desenvolvida por Pedro Henrique Bezerra no mestrado em Ciências e Engenharia de Materiais, busca contribuir para a redução da poluição plástica, um dos maiores desafios ambientais da atualidade. Apenas 9% das 430 milhões de toneladas de plástico produzidas anualmente no mundo são recicladas, segundo a ONU, tornando urgente a busca por alternativas sustentáveis.
Os subprodutos da indústria de suco de laranja, como fibras, cascas e sementes, são ricos em polifenóis e flavonoides, com propriedades antioxidantes e prebióticas. Apesar de seu grande potencial, esses resíduos são subaproveitados e geram impacto ambiental significativo. A pesquisa realizada na USP identificou que a incorporação desses materiais ao bioplástico de alginato de sódio melhorou suas propriedades térmicas e mecânicas, reforçando sua viabilidade como alternativa ao plástico convencional.
Os resultados da pesquisa mostraram que a adição do subproduto aumentou a espessura e a resistência do biofilme, além de melhorar sua estabilidade térmica e estrutural. No entanto, a alta solubilidade em água ainda representa um desafio para sua aplicação em larga escala. Estudos futuros buscarão reduzir essa limitação sem comprometer sua biodegradabilidade, garantindo um material mais viável para o setor de embalagens sustentáveis.
O Brasil, maior produtor mundial de laranja, possui um grande potencial para aproveitar esses resíduos na produção de materiais ecológicos. Em 2024, mesmo com uma queda na produção, o país atingiu um faturamento recorde de US$ 1,87 bilhão na exportação de suco de laranja. O aproveitamento desses subprodutos alinha-se às metas de Desenvolvimento Sustentável da ONU e fortalece a economia circular, reduzindo desperdícios na cadeia produtiva.
A pesquisa também levanta questões sobre a presença de pesticidas nos resíduos industriais, um fator pouco analisado até agora. O estudo identificou que dois pesticidas estavam acima do limite permitido, abrindo caminho para investigações futuras que garantam a segurança desses materiais para uso comercial. A caracterização do material envolveu análises físico-químicas e estruturais para avaliar sua composição e viabilidade técnica.
Apesar dos desafios, o mercado tem demonstrado crescente interesse por alternativas ecológicas ao plástico tradicional. A indústria ainda precisa de adaptações para tornar viável a produção desses biopolímeros em grande escala. Estratégias como o uso de ceras naturais e plastificantes hidrofóbicos estão sendo estudadas para tornar os biofilmes mais resistentes à água. No entanto, a falta de um esforço global coordenado dificulta a implementação de soluções concretas para reduzir a poluição plástica no mundo.
*Com informções: Por Jean Silva – Jornal da USP
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