Preço do café dispara 80% e consumo registra queda histórica no Brasil

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O preço do café no Brasil registrou um aumento expressivo de 80% nos últimos 12 meses até abril, a maior alta em três décadas. Esse encarecimento impactou diretamente o consumo da bebida, que caiu 15,9% no mês em comparação ao mesmo período do ano anterior, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). No acumulado de janeiro a abril, as vendas no varejo recuaram 5,13%, totalizando 4,7 milhões de sacas.

Diversos fatores contribuíram para o aumento dos preços, entre eles problemas climáticos, como secas e ondas de calor, que comprometeram a produção nos últimos anos. A quebra de safra em países produtores como o Vietnã também reduziu a oferta global, agravando o cenário. Além disso, conflitos no Oriente Médio elevaram os custos logísticos, tornando os embarques e os contêineres mais caros.

No mercado interno, o crescimento das exportações também pressionou os preços. Com a demanda internacional em alta, parte da produção brasileira foi direcionada ao exterior, diminuindo a disponibilidade do café para o consumo doméstico. Entre os tipos de café mais afetados, o solúvel teve a maior alta, de 85%, seguido pelo gourmet (56%) e pelo tradicional ou extraforte (50%).

A indústria do setor ainda não repassou totalmente os custos aos consumidores, segundo a Abic. Entre 2020 e 2024, o custo de produção do café aumentou 224%, enquanto os preços no varejo subiram 110%. Especialistas apontam que novos reajustes podem ocorrer nos próximos meses, refletindo os desafios enfrentados pela cadeia produtiva.

Apesar do cenário de alta nos preços, o café continua sendo a segunda bebida mais consumida no Brasil, ficando atrás apenas da água. Entretanto, a tendência de redução no consumo doméstico pode se manter caso os preços não voltem a níveis mais acessíveis.