3 anos atrás
Por que os carros autônomos ainda não vingaram
Algumas montadoras estão desistindo da direção autônoma avançada para focar em recursos de assistência ao motorista

O carro que dirige sozinho (ou autônomo) costuma ser comparado com conceitos futuristas e inspirados nos filmes de ficção. Nos últimos anos, apesar de a corrida para oferecer uma solução viável na área de direção autônoma ter ficado mais movimentada, a novidade ainda está longe de se tornar popular.
Decisões recentes de nomes importantes do meio automotivo, indicam que a tecnologia pode demorar mais que o esperado, mesmo que ainda conte com o apoio da Tesla.
Ford desistiu da ideia?
Esta semana, um golpe duro para o segmento foi anunciado pela Ford. A montadora confirmou o fim da Argo AI nesta quarta-feira (26), uma empresa criada em parceria com a Volkswagen voltada para o desenvolvimento de solução de condução autônoma de nível 4 (de 5).
Neste patamar, os carros podem dirigir quase sozinhos, ainda que dependam da interferência de um condutor físico ou remoto para evitar acidentes em certas situações (como clima adverso, por exemplo).
A empresa deixou claro que deixará de focar nesse tipo de tecnologia mais avançada para se concentrar no BlueCruise, seu sistema de assistência ao motorista.
A notícia do fim da Argo chega semanas após a empresa lançar um novo serviço de táxi autônomo no Texas que usava o Ford Escape híbrido na sua frota. No mês passado, a Argo também lançou novidades que deveriam servir de apoio para operações de entrega comercial autônoma. Um porta-voz da empresa disse ao TechCrunch que os testes vão parar por enquanto, voltando seus esforços para as ferramentas de assistência da Ford e da VW.
O CEO da Ford, Jim Farley, anunciou a decisão na conferência de resultados financeiros da empresa para o terceiro trimestre. Para o executivo, veículos totalmente autônomos, lucrativos e fabricados em larga escala, ainda são uma realidade distante.
Rivian acompanhou a decisão
Quem também está seguindo uma estratégia parecida é a Rivian. Segundo o CEO da montadora de carros elétricos, RJ Scaringe, a empresa também pretendia trabalhar em autonomia L4 (ou nível 4), no entanto, o foco mudou para a automação parcial (nível 2, ou L2), na qual se enquadram sistemas de piloto automático adaptativo, frenagem automática e assistente de permanência na faixa.
Scaringe acredita que a direção autônoma mais avançada ainda depende de hardware adequado para se tornar popular.
Diferente das concorrentes, a Tesla ainda parece empenhada em avançar na sua tecnologia autônoma: o Autopilot (ou “Full Self-Driving”). Um grupo crescente de usuários, inclusive, se dedica a testar as últimas versões do sistema nas ruas (o que já foi alvo de criticas pelo possível risco de incidentes).
Elon Musk, o CEO da empresa, também declarou recentemente que cogita retirar a maioria dos sensores dos veículos. Na contramão de outras empresas, o executivo acredita que uma combinação de câmeras com um software mais avançado e baseado em inteligência artificial, será o suficiente para um carro “dirigir sozinho”.
No fim, o bilionário ainda deve explicações ao Departamento de Justiça dos EUA sobre uma investigação que bota em cheque a segurança do Autopilot.
Montadora enganou os clientes?
O Departamento de Justiça está investigando se a Tesla enganou compradores e investidores alegando o Autopilot oferece autonomia plena. Segundo a Reuters, a investigação começou em 2021 após o registro de diversos acidentes, inclusive fatais, envolvendo o piloto automático. No pior cenário, a empresa pode sofrer acusações criminais ou sofrer sanções.
Em agosto, também surgiram queixas contra a Tesla na justiça da Califórnia. A marca foi acusada de usar linguagem publicitária que não condiz com a realidade na descrição do Autopilot. A empresa dá a entender no seu site que os seus veículos conseguem rodar sem o auxílio do motorista: “Tudo o que você precisa fazer é entrar e dizer ao seu carro para onde ir”, diz a página.
Ao mesmo tempo, a companhia afirma o oposto na área de suporte, informando que o piloto automático deve ser usado “com um motorista atento e com as mãos no volante”. Esses recursos “não tornam o veículo autônomo”, acrescenta a página da Tesla.
Por fim, a Administração Nacional de Segurança Rodoviária dos EUA (NHTSA) também está analisando o sistema de piloto automático da montadora. A entidade iniciou uma investigação no ano passado após 11 acidentes que resultaram em 17 feridos e uma morte.
Fonte: Olhar Digital
•
Usamos os cookies e dados de navegação visando proporcionar uma melhor experiência durante o uso do site. Ao continuar, você concorda com nossa Política de Privacidade.