23h atrás
Maior ponte fluvial do Brasil, ligação entre SP e MS transformou visão centenária em marco da logística nacional
A Ponte Rodoferroviária do Rio Paraná, entregue ao país em 1998, marcou a concretização de um projeto idealizado ainda no começo do século XX e tornou-se peça central na ligação entre São Paulo e Mato Grosso do Sul. Com seus 3,7 quilômetros de extensão, a maior ponte fluvial brasileira combina tráfego rodoviário e ferroviário na mesma estrutura, consolidando-se como um dos pontos mais estratégicos da logística nacional.
Idealizada no início do século XX por Euclides da Cunha, que via o Rio Paraná como um obstáculo à conexão do interior brasileiro, a obra só ganhou tração muitas décadas depois, quando mudanças econômicas e tecnológicas permitiram seu avanço. Foi nos anos 1990, impulsionado pela expansão do agronegócio no Centro-Oeste e pela crescente demanda por rotas mais eficientes até o Porto de Santos, que o projeto finalmente saiu do papel.
A construção adotou um conceito inovador ao unir pista rodoviária e linha férrea. O desenho exigiu elevada complexidade técnica: trechos metálicos e de concreto foram apoiados em pilares profundos instalados diretamente no leito do rio, capazes de suportar tanto o peso de composições ferroviárias quanto as grandes variações do nível das águas em períodos de cheia.
Com a entrega da ponte, o impacto logístico foi imediato. O Mato Grosso do Sul passou a ter ligação direta com a malha ferroviária paulista, acelerando o transporte de soja, milho, carnes, madeira, celulose e produtos industrializados. Essa integração tornou o corredor de exportação do Centro-Oeste um dos mais dinâmicos do país e estimulou o desenvolvimento de cidades como Três Lagoas e Castilho, que ganharam protagonismo regional e atraíram novos investimentos.
Além dos benefícios operacionais, a ponte adquiriu forte dimensão simbólica ao concretizar, quase um século depois, a visão de Euclides da Cunha sobre a importância de vencer barreiras naturais para promover o desenvolvimento nacional. Hoje, a estrutura segue como um dos principais eixos multimodais do Brasil, conectando regiões, modais e cadeias produtivas e sustentando parte vital da logística que movimenta a economia.
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