1 mês atrás
Lixo espacial: tecnologia da Guerra Fria pode ser a chave para monitoramento

A quantidade de lixo espacial na órbita terrestre cresce exponencialmente, trazendo desafios ambientais e de segurança. Atualmente, estima-se que mais de 130 milhões de fragmentos de detritos maiores que um milímetro estejam circulando ao redor do planeta. Esse acúmulo aumenta as chances de quedas descontroladas na Terra, principalmente em áreas remotas e pouco monitoradas. No entanto, um sistema desenvolvido durante a Guerra Fria pode ajudar a rastrear e prever a trajetória desses detritos espaciais.
Cientistas do Sandia National Laboratories identificaram que sensores de infrassom, originalmente criados para detectar explosões nucleares no contexto da disputa entre Estados Unidos e União Soviética, podem ser reaproveitados para monitorar a entrada de objetos na atmosfera terrestre. Atualmente administrados pela Organização do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares, esses dispositivos possuem uma sensibilidade extremamente alta, conseguindo captar sons gerados pela fragmentação de satélites inativos e grandes rochas espaciais.
A grande vantagem desse sistema é sua capacidade de operar continuamente, sem ser impactado por variações climáticas. Com monitoramento em tempo real 24 horas por dia, a rede de sensores pode fornecer dados precisos sobre a trajetória dos detritos espaciais, ajudando a minimizar possíveis impactos. Cientistas afirmam que essa tecnologia pode aprimorar os esforços globais de mitigação dos riscos causados pela crescente quantidade de lixo espacial em órbita.
Até o final da década, especialistas estimam que aproximadamente 100 mil espaçonaves estarão circulando a Terra, impulsionadas por projetos de megaconstelação como o Starlink, da SpaceX. Com isso, a quantidade de lixo espacial queimando na atmosfera pode ultrapassar 3.300 toneladas anuais. Além dos impactos diretos das quedas de detritos, há preocupações sobre os efeitos ambientais da incineração desses materiais, incluindo a liberação de fuligem e óxidos de alumínio que podem alterar o equilíbrio térmico do planeta.
Estudos apontam que essas emissões podem afetar a camada de ozônio e causar variações de temperatura na estratosfera. A formação de um manto de cinzas metálicas pode interferir no campo magnético da Terra, potencialmente permitindo que radiação cósmica atinja a superfície. Como as partículas de poluição permanecem na atmosfera por períodos prolongados, os impactos dessas alterações ainda não são totalmente compreendidos.
Diante desses riscos, cientistas alertam para a necessidade de avançar na regulamentação do descarte de equipamentos espaciais e no desenvolvimento de tecnologias capazes de remover detritos da órbita terrestre. A reutilização de sensores infrassônicos pode ser um passo essencial para mapear e prever os riscos de quedas de lixo espacial, permitindo uma resposta mais eficaz aos desafios que surgem com a expansão da atividade humana no espaço.
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