6h atrás
Jorge Aragão explora sonoridades nordestinas no disco “Herança”

Após quase duas décadas sem lançar um álbum de estúdio, Jorge Aragão está de volta com “Herança”, projeto em que deixa momentaneamente o samba de lado para mergulhar nos ritmos do Nordeste. A proposta revive caminhos já trilhados em sua carreira — como no disco “Verão”, de 1983 — mas desta vez com um foco mais intenso no xote, baião e toadas.
Com apenas sete faixas e pouco mais de 20 minutos de duração, “Herança” se aproxima do formato de um EP. O álbum apresenta duas composições inéditas escritas por Aragão: “Nos jardins da sedução”, com um clima lírico e delicado, e “Rede velha”, marcada por nuances sensuais. Completam o repertório versões de cinco canções clássicas do cancioneiro nordestino.
Algumas releituras carregam uma atmosfera emotiva, como em “Qui nem jiló”, que destaca a melancolia poética da obra original. Em outras faixas, porém, a energia típica dos ritmos revisitados não se traduz totalmente — é o caso de “Numa sala de reboco”, que carece da vivacidade esperada, e de “Chupando gelo”, que perde parte do humor irreverente característico do coco de duplo sentido.
Ao se distanciar do samba, Jorge Aragão assume um risco criativo que foi recebido com reservas por parte da crítica, que aponta uma certa desconexão entre a proposta do álbum e a identidade sonora pela qual o artista se consagrou. Ainda assim, “Herança” representa um gesto de respeito e curiosidade musical por parte de um dos grandes nomes da música brasileira.
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