Investidores abandonam o dólar e impulsionam valorização do euro em cenário global

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As políticas comerciais protecionistas dos EUA, junto com a crescente confiança na economia europeia, impulsionaram uma valorização significativa do euro, que subiu mais de 10% em relação ao dólar desde janeiro. O fortalecimento da moeda europeia é visto como um reflexo da incerteza nos EUA e da recuperação econômica gradual na zona do euro, que projeta crescimento de 1,3% em 2025. No entanto, o valor elevado do euro pode impactar negativamente as exportações europeias, especialmente de países como a Alemanha.

As tarifas comerciais impostas pelos EUA, embora atualmente suspensas, continuam sendo uma preocupação. Sobretaxas sobre produtos como aço e veículos já afetam o crescimento econômico de alguns países europeus, como a Alemanha. Mesmo assim, a confiança dos investidores estrangeiros no euro tem se mantido, com muitos transferindo ativos em dólar para ações e títulos europeus.

Outro fator que impulsiona o euro é a divergência nas políticas monetárias. Enquanto o Federal Reserve dos EUA reduz as taxas de juros, tornando os investimentos em dólar menos atrativos, o Banco Central Europeu adota uma abordagem mais cautelosa frente à inflação na zona do euro. Essa dinâmica favorece investimentos no mercado europeu, valorizando ainda mais o euro e ampliando a "fuga do dólar."

Os estímulos econômicos na Alemanha também contribuíram para essa valorização. O superpacote de 1 trilhão de euros, destinado a defesa, infraestrutura e proteção climática, deve aumentar o PIB alemão em 1% no próximo ano. O pacote fortalece a confiança dos investidores na moeda europeia, ao mesmo tempo em que cria oportunidades para maior liquidez e atratividade dos títulos alemães.

Paralelamente, surgem discussões sobre a emissão de títulos conjuntos de dívida na zona do euro, os chamados eurobonds, para financiar projetos de gastos militares. Essa medida poderia reforçar ainda mais a relevância do euro no mercado global, mas enfrenta resistência de países do norte da Europa, como a Alemanha, que mantém uma postura mais cautelosa.

Apesar de os consumidores e empresas europeias se beneficiarem de produtos e matérias-primas mais baratos, o fortalecimento do euro também representa desafios. Exportadores, especialmente os alemães, enfrentam dificuldades com produtos mais caros no mercado global, enquanto o custo energético e a concorrência da China aumentam as pressões. A trajetória futura do euro permanece incerta, mas seu comportamento continuará sendo um fator-chave no cenário econômico global.

*Fonte: TV Cultura/ com informações DW3