3 anos atrás
Inovação brasileira pode ser impactada por processo de desindustrialização
De acordo com especialistas, inovação em massa e intensiva tem o poder de fazer um país dar um salto na economia

No Brasil, existem diversas empresas inovadoras reconhecidas no mercado, que conseguiram crescer e multiplicar lucros por meio do investimento em inovação.
A Embraer, por exemplo, atribuiu 51% da receita de US$ 4,1 bilhões, registrados em 2021, a inovações que ocorreram nos últimos 5 anos.
Empresas tradicionais como Vale, Petrobras e outras de destaque, também são consideradas, por especialistas, como inovadoras em seus negócios.
Contudo, há alguns anos, esse processo estagnou. Em comparação ao mundo, a falta de inovação é evidente: o Brasil está na 57ª posição do Índice Global de Inovação, da ONU.
Para o coordenador do Observatório da Inovação da USP, Glauco Arbix, isso aconteceu porque o Brasil tem uma economia muito fechada para se pensar em uma expansão acelerada da inovação.
“Nós estamos atrasados em relação às práticas mais avançadas do mundo empresarial e estamos atrasados na própria universidade. O mundo inteiro quer colocar a universidade junto com a empresa. Aqui se segrega e se ataca a universidade, que é de onde vêm as pesquisas. O dinheiro para investir em tecnologia também é caro e, muitas vezes, não há gente qualificada para fazer aquilo. Se não quebrarmos esse ciclo, ficaremos pior”, diz Arbix.
Segundo o especialista, as barreiras não estão apenas para empresas brasileiras e startups, mas também para as estrangeiras.
“As dificuldades começam quando você vai registrar, com papelada e burocracia. Impostos, infraestrutura precária, dificuldade de acesso a grandes bancos de dados”, explica. “Considerando que inovação em massa e intensiva tem o poder de fazer um país dar um salto na economia, é como se a escassez de inovação resultasse em efeito contrário”.
Entre 2015 e 2020, 36,6 mil fábricas fecharam as portas no Brasil, o que equivale a 17 estabelecimentos industriais extintos por dia no período. Esse é um processo conhecido como desindustrialização.
Não somente isso, mas, segundo a última Pesquisa de Inovação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em 2020, apenas 9% das 117 mil empresas entrevistadas receberam algum tipo de incentivo do setor público, como financiamentos para pesquisas ou compras de maquinário e equipamentos, para inovar entre 2014 e 2017.
Segundo a CNI, 89% das médias e grandes empresas custearam, com recursos privados, iniciativas de inovação ao longo do primeiro ano de pandemia.
“O setor privado tem que ter consciência clara de que inovar não é uma opção para ele. É uma obrigação. Ele está contra a parede. Tem que apresentar produtos novos, processos novos e diversificar aquilo que se faz, pois há uma agressividade de mercado muito forte. Caso contrário, essas empresas estão condenadas a ficarem nichadas, quando não correrem o risco de fechar”, avalia Arbix.
Para o professor, há saídas para virar esse jogo e colocar a inovação como prioridade, tanto no setor privado quanto no público. Para isso, o governo precisa cuidar da infraestrutura digital, informatizando as escolas para que as crianças já tenham acesso a essas tecnologias desde cedo.
Isso fomenta a criação de startups, tão fundamentais para estimular a competição no país, “É perfeitamente possível virar o Brasil de ponta-cabeça em 10 ou 15 anos. Vários países, que inclusive tinham índices piores que os nossos no passado, fizeram isso. Temos que estudá-los e aprender com essas experiências”, afirma.
Fonte: CNN Brasil
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