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31/10/2025 17h01min - Geral
3h atrás

Goiás inaugura primeira fábrica brasileira de terras raras e impulsiona produção nacional de ímãs para tecnologias limpas


Reprodução: Imagem-ANM/Divulgação ► 
Fonte: Fonte Grande FM



A cidade de Aparecida de Goiânia, em Goiás, se tornou referência nacional ao sediar a primeira e única fábrica brasileira dedicada ao processamento de terras raras voltadas à produção de ímãs. A unidade concentra-se na extração e purificação de quatro elementos principais — neodímio, praseodímio, disprósio e térbio — essenciais para o funcionamento de motores de veículos elétricos e turbinas eólicas, tecnologias fundamentais na transição para uma matriz energética mais limpa.

As chamadas terras raras englobam um grupo de 17 elementos químicos utilizados em equipamentos de alta tecnologia, como celulares, painéis solares e baterias. Embora não sejam escassos na crosta terrestre, aparecem em concentrações muito baixas, o que torna seu processamento complexo e de alto custo. O avanço da indústria em Goiás representa um passo estratégico para o país reduzir a dependência de importações, especialmente da China, que domina o setor mundial.

O material processado na planta-piloto chega de Nova Roma, também em Goiás, em forma de argila iônica. Nessa etapa inicial, a concentração de elementos é de cerca de 0,1%. Após passar por um processo de lavagem, peneiramento e filtragem, o resultado é um carbonato com pureza superior a 95% de terras raras. Segundo técnicos da operação, uma tonelada de argila é necessária para se obter apenas um quilo desse carbonato.

De acordo com o especialista jurídico da empresa responsável pela unidade, Matheus Lima, a adição desses elementos aumenta a resistência térmica dos ímãs, permitindo a fabricação de componentes menores e mais duráveis. Isso gera, segundo ele, um “círculo virtuoso” de eficiência energética, beneficiando a indústria de tecnologias sustentáveis e de mobilidade elétrica.

O processo industrial se destaca também pelo baixo impacto ambiental. A operação dispensa o uso de explosivos, não produz rejeitos líquidos e elimina a necessidade de barragens. Além disso, 95% da água utilizada é reutilizada e 99% do reagente químico — um fertilizante natural — é recuperado, tornando o método mais sustentável e econômico.

Após a produção do carbonato, cada um dos 17 elementos químicos passa por etapas adicionais de separação e purificação, até se transformar em ligas metálicas de alta pureza, aptas para uso industrial. Esse avanço tecnológico pode abrir caminho para uma cadeia produtiva nacional de materiais estratégicos voltados à energia limpa e à inovação tecnológica.

O Brasil possui reservas expressivas desses minerais. É o maior detentor global de nióbio e ocupa posições de destaque também em grafita, níquel e terras raras — concentradas em estados como Minas Gerais, Goiás, Amazonas, Bahia e Sergipe. Apesar desse potencial, o país produziu apenas 20 toneladas de terras raras em 2024, o que representa menos de 1% da produção mundial. A nova fábrica goiana surge, portanto, como um marco para ampliar a presença brasileira nesse setor estratégico e de alto valor agregado.



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