3 semanas atrás
Geólogos descobrem “batimentos cardíacos” sob a África e indicam nascimento de novo oceano

Um novo estudo publicado na revista Nature Geoscience revela um fenômeno impressionante: geólogos identificaram pulsações rítmicas vindas do interior da Terra sob a região de Afar, no leste africano, que podem estar fragmentando o continente e criando as bases para um novo oceano. Os chamados “batimentos cardíacos” foram detectados por meio da análise de rochas vulcânicas na Etiópia, revelando sinais claros de atividade profunda no manto terrestre.
Essa movimentação subterrânea está ligada à chamada pluma do manto — uma coluna de rocha quente que sobe das profundezas da Terra. Em Afar, essa pluma atravessa a crosta continental espessa, o que é raro, já que fenômenos semelhantes costumam ocorrer sob os oceanos, como nas ilhas do Havaí. A região está entre as mais ativas do planeta na formação de rachaduras geológicas, e os cientistas acreditam que esse processo pode levar, em milhões de anos, à separação física da África Oriental do restante do continente.
O estudo, liderado pela geóloga Emma Watts, da Universidade de Southampton, analisou 130 amostras de rochas vulcânicas com até 2,6 milhões de anos de idade. Comparando essas amostras com formações mais antigas, a equipe detectou variações químicas cíclicas — como se o manto tivesse um pulso próprio. Esses ciclos sugerem que o manto sob Afar pulsa com certa regularidade, revelando uma dinâmica interna muito mais ativa do que se pensava.
Cada pulso observado apresenta uma composição química distinta, o que indica alterações profundas nas condições internas do planeta ao longo do tempo. Segundo os pesquisadores, essas mudanças são fruto de processos como a reciclagem de material geológico pelas placas tectônicas e da presença de materiais antigos preservados desde a formação da Terra. À medida que esses pulsos sobem, interagem com as placas tectônicas acima e provocam fissuras, vulcanismo e deformações na crosta.
O coautor do estudo, professor Tom Gernon, comparou esse movimento ao fluxo de sangue em uma artéria, destacando que em regiões com placas tectônicas em separação acelerada, como o Mar Vermelho, esses “batimentos” se propagam com maior eficiência. A mobilidade do manto também pode acontecer lateralmente, concentrando atividade vulcânica em áreas mais frágeis da crosta terrestre.
Embora esse comportamento pulsante seja mais evidente em Afar, fenômenos semelhantes já foram identificados em outras partes do mundo, como nas Ilhas Canárias. Contudo, a diferença está no ritmo: em lugares como o Havaí, as variações ocorrem mais no espaço do que no tempo. A próxima etapa da pesquisa será investigar como esses pulsos impactam diretamente a superfície da Terra e quais serão as consequências geológicas de longo prazo para o continente africano.
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