4 semanas atrás
Energia nuclear nos mares: o futuro dos navios de carga
A startup nuclear Core Power firmou parceria com o Lloyd’s Register e a gigante do transporte marítimo Maersk para explorar o potencial da energia nuclear de quarta geração como solução para criar navios de carga livres de emissões de carbono. O objetivo é modernizar as regulamentações e superar desafios técnicos para que essa tecnologia seja integrada ao transporte marítimo global nos próximos 15 anos.
Em 21 de julho de 1959, o navio NS Savannah inaugurou uma nova era no transporte marítimo comercial, como parte do programa “Átomos para a Paz” do governo americano, destinado a mostrar o uso pacífico da energia nuclear. Apesar de ser um marco da engenharia, o Savannah teve vida curta, operando apenas de 1962 a 1972, e atualmente é um navio-museu em Baltimore. Desde então, apenas quatro navios de carga nuclear foram construídos, com o Sevmorput sendo o único ainda em operação na Rússia. A falta de infraestrutura portuária adequada, os altos custos e as regulamentações complexas tornaram inviável o mercado para esses navios.
Entretanto, diante da necessidade de atingir a neutralidade de carbono até 2050, a indústria naval busca alternativas aos combustíveis fósseis, que ainda representam 3% das emissões globais de gases de efeito estufa. A energia nuclear, especialmente por meio de reatores de quarta geração, está ganhando destaque como uma das soluções mais promissoras.
Atualmente, cerca de 200 reatores nucleares operam em navios e submarinos militares ao redor do mundo com um histórico de segurança exemplar. Contudo, esses reatores não são adequados para uso civil, o que levou empresas como TerraPower, Newcleo, Core Power e outras a investirem em reatores avançados para grandes navios comerciais.
Os novos reatores propostos, semelhantes aos reatores modulares avançados em desenvolvimento para uso terrestre, incluem modelos como o reator de sal fundido alimentado por tório, o reator rápido resfriado a chumbo e o reator de leito de esferas resfriado a gás hélio. Esses reatores são menos complexos, operam a temperaturas mais baixas e possuem mecanismos de segurança intrínsecos.
No entanto, o maior desafio para o consórcio liderado pelo Lloyd’s Register reside na regulamentação. Além de desenvolver uma justificativa técnica e comercial sólida para os navios de carga nucleares de quarta geração, é essencial alinhar ou atualizar as regulamentações existentes para que essas embarcações possam se tornar uma realidade nos próximos 15 anos. Nick Brown, CEO do Lloyd’s Register, afirmou que esta iniciativa marca o início de uma jornada empolgante rumo à descarbonização da indústria marítima, com a propulsão nuclear desempenhando um papel fundamental na transição energética.
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