3 meses atrás
Deserto do Atacama se torna depósito irregular de roupas de grife

O deserto do Atacama, no Chile, se transformou em um depósito de roupas descartadas pela indústria da moda, que é a segunda maior poluidora do mundo, atrás apenas do setor petrolífero. Milhares de toneladas de roupas não vendidas, devolvidas ou com defeitos chegam anualmente ao porto de Iquique, em uma área de importação livre de impostos, e muitas acabam descartadas de forma irregular no deserto, em contrariedade às legislações ambientais do país.
Segundo a Global Fashion Agenda, mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis foram descartadas nos últimos anos na região. Compostas principalmente de poliéster, material que pode levar até 200 anos para se decompor, as roupas possuem componentes químicos inflamáveis que representam riscos ambientais significativos. Além disso, o descarte ilegal desafia um decreto chileno que proíbe a destinação desses materiais a aterros sanitários comuns.
Para enfrentar o problema, iniciativas como a da Fashion Revolution Brasil e da organização chilena Desierto Vestido estão atuando para recolher as roupas abandonadas no Atacama. As peças recolhidas são higienizadas e distribuídas gratuitamente através de uma plataforma online, em que os interessados pagam apenas o frete. O transporte é realizado por empresas que compensam a pegada de carbono do processo.
O projeto, que já distribuiu todos os itens disponíveis, destaca a importância de envolver a sociedade nas discussões sobre o descarte irregular de resíduos. Com novos lotes programados para breve, a ação não só reduz o impacto ambiental no deserto como também chama atenção para a necessidade urgente de práticas mais sustentáveis na indústria da moda.
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