1 mês atrás
Animais podem utilizar plantas e outros compostos para tratar doenças
No início deste ano, um orangotango chamou a atenção dos cientistas ao utilizar uma planta medicinal para tratar uma ferida. Este comportamento inédito foi registrado e está gerando discussões no meio científico, destacando as práticas de automedicação entre animais que já são conhecidas e estudadas há algum tempo.
Comportamentos naturais para combater doenças
A farmacognosia, área que estuda drogas naturais provenientes de plantas, bactérias e outras fontes, possui várias abordagens, incluindo a zoofarmacognosia e a etnofarmacologia. A etnofarmacologia foca no uso de plantas medicinais por populações, especialmente indígenas, enquanto a zoofarmacognosia analisa o comportamento animal nesse contexto.
Exemplos de automedicação animal incluem formigas que usam resinas para se protegerem de bactérias ou fungos, e primatas que consomem plantas, folhas, casca de árvore e até argila para combater verminoses e outros problemas de saúde.
Desenvolvimento de medicamentos para humanos
Patrícia Izar, professora da USP, destaca que estudar esses comportamentos pode ser crucial para o desenvolvimento de novos medicamentos para humanos. Observações de animais utilizando determinadas plantas levam cientistas a investigar a literatura existente sobre esses compostos, suas possíveis ações em humanos e o uso medicinal tradicional.
Izar ressalta que o avanço nesse tipo de pesquisa pode revelar propriedades curativas de várias plantas. No entanto, ela alerta que o desmatamento e as mudanças climáticas são grandes obstáculos, pois destroem habitats naturais, eliminando a biodiversidade e os conhecimentos tradicionais das populações indígenas sobre etnofarmacologia. "A destruição é muito mais rápida do que a capacidade da ciência de produzir conhecimento", afirma a especialista.
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